Só não há crise para os ricos…

Para o director dos canais temáticos da SIC, Pedro Boucherie Mendes, custa-lhe «acreditar que vivemos em crise» e cospe cá para fora uma data de exemplos demagogos (parafraseando, reclama quem não tem dinheiro para ir frequentemente a New York, reclama quem vai para a universidade de smart em vez de uma scooter).

Pois eu só fui a New York (pronto, a Manhattam) após muitos anos de trabalho dedicado, e porque devido ao filho que se aproximava não teria tão cedo outra oportunidade. Ficamos num T0 baratíssimo (considerando que estava a 20 s a pé de Times Square) alugado por baixo do balcão a um oriental qualquer que lá vivia e que deve ter ido dormir na casa da namorada enquanto ganhava uns dólares alugando o apartamento. Estudamos os descontos que conseguiríamos ter, os lugares mais baratos, e quais os supermercados onde comprar comida para fazer em casa, poupando uma boa maquia tendo em conta os preços das refeições (sobretudo nocturnas) nessa fantástica cidade.

Na universidade, ia a pé para poupar o passe do autocarro, apesar de no inverno andar 15, 20 minutos debaixo de chuva torrencial em Braga. Não havia smarts, e os parques já estavam todos cheios… não porque houvesse muitos alunos a ir de carro, mas porque os parques são pequenos. Se compararmos quem vai de carro ou scooter com quem vai a pé ou de transporte público para a universidade, rapidamente se verá quem é o demagogo barato (ou caro, no caso deste senhor).

Acha também que temos de nos comparar com os países que estão, perdoem a expressão, na merda. Pois eu acho que em vez de olhar com conformismo para quem está bem pior, temos antes de olhar com ambição e esperança para quem está bem melhor.

Como se justifica então esta arrogância? Basta olhar para o perfil deste senhor no Linked.in

  1. Ainda não tinha acabado a universidade, e já era director de programação numa estação de rádio
  2. Trabalha 6 anos na Media Capital, como editor de um caderno do Independente como último cargo
  3. Ainda durante esse tempo, acumula com o papel de editor deputado na revista MAXMEN, também na Media Capital
  4. Depois está 3 anos como Editor Chefe na FHM
  5. Durante esse tempo, ainda tira uma pós graduação em ciência política
  6. Desde então acumula três cargos
    1. director dos canais temáticos da SIC
    2. director da SIC Radical
    3. director da SIC K

Como se explica uma carreira baseada em posições de chefia? Quanto mais não seja, este “menino” não aparenta nunca na vida ter sofrido dificuldades… pela forma como fala, nem as deve ter sentido na infância (será mais um berço de ouro?)…

Conclusão: é a santa arrogância de quem tem o rei na barriga.

[Em 2011/03/15 corrigi umas pequenas gralhas]